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O Tão Amado e Tão Odiado Black Bass

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Originário do Canadá, esse peixe não é tão voraz como a Traíra
e nem tão brigador como o Dourado

DICAS – Nélson Maciel com um exemplar de Black Bass nas mãos: espécie pode ser capturada em qualquer época do ano

É, nunca houve nem haverá um peixe que provoque nos pescadores esportivos sentimentos tão antagônicos como o Black Bass. Alguns peixes são odiados, como o Baiacú, mas o número de pescadores que defende ou gosta desse simpático barrigudinho é ínfimo. Eu sou um deles. Os Tucunarés são amados a ponto de serem elevados como símbolos da pesca esportiva no Brasil. E são muito poucos que contestam esse fato. Eu sou um deles. Ao meu ver, o peixe símbolo deveria ser o Dourado, pena que ele está acabando.

Mas o Black Bass…esse intruso, que veio de carona na bagagem de muitos diretores da antiga Companhia de Força e Luz, na primeira metade do século, se ambientou muito bem por aqui.Portanto, não deveria provocar a ira insana de muitos que o combatem como um invasor de nossas águas. Assim como as Tilápias, invasoras de uma capacidade reprodutiva assombrosa, que povoam cada represa, cada açude e cada lago, o Black Bass é uma benção aos pescadores.

Com tantas represas que destruíram o caminho natural dos rios, seus peixes e todo ecossistema que existiam às suas margens, que outro peixes poderiam suportar o sobe e desce do nível das águas? Represem os rios do Pantanal, como foi feito com o grande Rio Iguaçu que nasce aqui em Curitiba, e vocês verão o que acontecerá com os peixes. Sem condições de realizar a Piracema, desapareceram. Assim como os Dourados estão desaparecendo do Rio Paraná. Mas o Black Bass movimenta bilhões de dólares num país que o acolheu como um intruso. Sim, o Black Bass é do Canadá e não dos Estados Unidos.

E movimenta outros milhões de ienes também no Japão. Assim, percebe-se que em muitos países eles são amados. Porque só os Black Basses são tão combatidos?

Afinal, o Black Bass é um peixe não tão voraz como as nossas Traíras, nem tão brigadores como nossos Dourados, nem tão rápidos e ladinos como nossas Tabaranas, nem tão vistosos como nosso Tucunarés. Isso sem falar nos Robalos, Matrinxãs e outros peixes igualmente famosos .

Então por que tantas paixões despertadas por este pequeno salmonídeo que aqui em nossas águas dificilmente ultrapassam os 3 kg, já que em outras águas exemplares de 8, 9 kg são comuns? Talvez por desconhecimento.

Considero a pesca do Black Bass uma das mais técnicas, assim como a pesca de Robalos. Não é só chegar e jogar a isca. Temos de estudar as condições atmosféricas, a turbidez da água, a luminosidade do dia, a estação do ano. Não é fácil. Talvez por muitas pessoas terem voltado de mãos vazias de suas pescarias de Black Bass, tanto ódio é despertado pela espécie .

Teoricamente, todas as iscas são produtivas para a pesca de Bass. Na prática, é completamente diferente. Perguntem a quem os ama. Eu sou um deles. A isca que fez sucesso ontem, não fará hoje. E a que foi fulminante hoje, não servirá para a pescaria de amanhã. Qual é o outro peixe que tem este comportamento?

É este o motivo que o faz amado. O desafio de acertar a melhor isca. Aliás, o desafio de descobrir qual será essa isca. Isto faz de cada pescaria uma pescaria diferente.

Mesmo que seja no mesmo local, isto porque o Bass é um peixe residente. Se for pescado e solto no mesmo local, no mesmo local estará amanhã e depois. E com certeza, jamais será fisgado com a mesma isca, mesmo em dias diferentes .

E os locais de pesca? No frio é um comportamento, no calor é outro. Aliás, essa é uma das grandes vantagens dos Back Bass. Podem ser pescados na primavera, verão outono e inverno. Interessante isto. A Traíra, que é um peixe muito esportivo, já não é tão versátil, assim como as reprodutivas Tilápias. E os Lambaris, ávidos comedores de ovas. Por que ninguém odeia os Lambaris ? Eles são os maiores predadores de nossas águas? E as Piranhas?

Pois bem amigos, seriam muitas as perguntas e as respostas por que amar o Black Bass. Mas para o ódio que desperta entre tantos pescadores só vejo três respostas: o fato de ser um peixe exótico, a dificuldade de pescá-lo e a falta de conhecimento da espécie.

O dia que os adversários dessa espécie aprenderem a pescá-lo e o conhecerem, o fato de ser exótico será deixado de lado. E será tão amado como os outros peixes esportivos.

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